terça-feira, 30 de junho de 2009

Porque quem me quer, não me enrola

Voltei pra terra da neve. A cordilheira está deslumbrante, com um monte de neve. Aliás, não só a cordilheira, um outro "cerro" daqui também tem neve. E nem está tão frio como pensei que estaria.

Cheguei ontem à noite e hoje, quando abro meu email aqui no trabalho, me deparo com umas mensagens deixadas no meu Orkut, que provavelmente foram apagadas depois, por arrependimento, ou para não se ter problemas. Transcrevo, (copio e colo, na verdade), não colocando o nome da pessoa que me escreveu.

E antes da transcrição, só para lembrar: eu também te quis. Muito. E sempre.

30 de junho de 2009 02:11: fala furona!!!!!!! Gostaria de ter seu mail.... o meu segue abaixo

30 de junho de 2009 02:12: larga a mão de ter medo....

30 de junho de 2009 02:12: chilena do caralho.....

30 de junho de 2009 02:13 : tá com medo do bofe....

30 de junho de 2009 02:13: esqueceu o que é bom....

30 de junho de 2009 02:14: ter medo é foda.....

30 de junho de 2009 02:15: eu te queria, e muito...

A gente vai ser assim pra sempre, eu sei. Mas aí, eu fiz uma proposta e espero saber o quanto é esse me queria muito. Simples assim, porque para mim agora não tem meias verdades. É isso ou é aquilo. Não dá para ser um talvez, ou quem sabe. Ou é ou foi. O pode ser não interessa mais para mim. Se for para ser, é. Eu não me disponho a esperar para quando e como e onde. Eu quero é ver um avião pousar com você dentro...

É o que disse Marcelo Rubens Paiva: Não ame quem te enrola. Porque quem TITUBEIA não ama. E que eu modestamente transformo: eu só quero quem não me enrola. Porque quem me quer, não titubeia...


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domingo, 28 de junho de 2009

Com açúcar, com afeto

Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
(Chico Buarque - Com açúcar, com afeto)


Eu não posso ir te ver porque eu não sei o que vai acontecer. Eu não sei se eu ainda, depois de todos esses anos, gosto de você. Na verdade eu não sei se eu não gosto o suficiente pra só tomar umas cervejas e não ficar mal por isso.

Sabe, quando você foi embora, me deixou muito sem chão. Eu não sabia ser eu sem você. Eu não sabia mais ser solteira, não sabia mais ter amigos que não fossem os nossos, não sabia mais viajar se não fosse para os lugares que não fossem os nossos.

E aí, naquele 24 de maio a gente já não estava mais bem. A gente já não era “nós” há muito tempo, mas eu insistia porque eu te amava muito pra ter que ser eu sem você. Mas eu aprendi a ser eu sem você. Eu nunca mais namorei ninguém, aliás, eu nunca mais gostei de ninguém como eu gostei de você. Por isso eu tenho tanto medo. Enquanto você é uma foto mal tirada que eu olho às vezes na tela do computador eu estou bem. Mas eu sei que quando eu olhar pra você eu vou sentir o mesmo frio na barriga que eu sentia quando te via entrar no saguão da Federal.

Por isso tudo, e por tudo que eu senti por você, acho melhor continuar assim, sem te ver, sem se falar, sem nada.

A gente é bem melhor assim...







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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Moça de família

E aí que eu não sei mais ser uma moça de família. Eu quero poder ler minhas coisinhas fumando meu cigarro na minha cama, com as cinzas caindo e eu fazendo um esforço sobre humano pra não sujar o lençol porque o outro já está sujo e está na sacola de roupas pra lavar na lavanderia lá embaixo.

Seis meses sozinhas num apartamento de 30 metros quadrados que não recebe visitas masculinas por falta de opção me tornaram uma pessoa egoísta. Eu quero poder ouvir minhas músicas e cantar alto as três da manhã.

E eu não consigo mais ser uma pessoa que convive com outras no recanto do lar porque eu sempre quis ser sozinha e fazer da minha casa um amontoado de garrafas e bitucas de cigarro e ninguém me perturbar por isso.

E eu não me sinto mais em casa na minha casa. Eu não sei onde se guarda o toddy, eu não sei que copo eu posso usar, que leite eu posso beber da geladeira e o quanto a minha TV nos seriados velhos está incomodando os outros habitantes da casa.


E aqui eu incomodo. E eu não sei cuidar do meu pai que não engole a própria saliva, que respira quase que o dia todo com uma máscara que deixa ele machucado e que não pode dizer o que quer. Aqui eu tenho insônia, terror noturno, crises de ansiedade, gasto demais, bebo de menos e fumo demais.

Eu não sei mais ser uma moça com família...


domingo, 14 de junho de 2009

Sad, but true...

Tá quase virando uma tradição churrasco e pôquer na casa do chefe aos domingos. É divertido, porque assim ninguém fica sozinho, deprimido, nos domingos frios e chuvosos aqui de Santiago.

Aí hoje, estávamos os patetas todos falando sobre namoros à distância e a possibilidade de levar a namorada (o), namorida (o), ou qualquer coisa que o valha nesta vida cigana que levamos trabalhando para esta companhia.

Nessa hora eu fiz uma pergunta que ninguém soube me responder: e quando eu, que sou uma das poucas mulheres da empresa que levam vida nômade, quiser ter uma família? Filhos, marido, essas coisas. Não penso nisso agora, mas uma hora eu vou querer, tenho certeza.

E agora José? O que eu vou fazer? Vou ter que escolher entre minha carreira (momento você sa) e entre uma família. Mesmo agora, se eu me apaixono por alguém, como é que eu vou fazer? Gastar rios de dinheiro voltando pra casa uma vez por mês? Sustento o cara? Largo tudo e vou viver de amor? Eu não tinha parado pra pensar nisso ainda não. E fiquei assustada e assustei as pessoas dizendo que não abro mão da minha vida por ninguém não. Nem pelos meus pais, que me criaram e talz. Mas então estou condenada a ser uma pessoa sozinha?

Porque vejam bem, eu não pretendo voltar pro Brasil pelos próximos 5 anos. Só a passeio. E daqui a cinco anos eu vou ter quase 35. E aí, serei a tia solteira, independente que mora no exterior e aparece de vez em quando?

Não tinha pensado nisso até a conversa de hoje à tarde, quando meu amigo me disse que o “namoro” estava em crise porque a namoradinha disse que não vê futuro pra eles. (está entre aspas porque, me desculpa, mas um namoro que você só viu a pessoa dois finais de semana em quatro meses de namoro não é namoro). E é isso mesmo. Como é que eu posso imaginar um futuro com alguém se eu nem sei onde vou estar em janeiro?

Será que vou encontrar um cara que esteja disposto a seguir comigo, para qualquer lugar do mundo que eu possa ir?

Sad, but true...


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Então, é dia dos namorados no Brasil. Talvez, se eu não estivesse tão conectada aos fatos de lá, para mim seria um dia como qualquer outro, porque o dia dos namorados aqui foi em fevereiro, como em quase todo lugar do mundo que não o Brasil. Um dia não tão comum porque é aniversário da minha mãe.

O ano passado, nesta época eu estava com a amargura no mode on, e fiz um post no falecido blog contando a seguinte história, entre todas as coisas amarguradas que escrevi:

O mais engraçado é que minha mãe faz aniversário dia 12. Então sempre acontecem coisas engraçadas, como acharem que eu sou lésbica por estar procurando presente para uma mulher no dia dos namorados, não ser atendida nas lojas, ou no embrulho da loja estar escrito coisas pra namorados. O mais engraçado foi o dia em que tive a infeliz idéia de ir a uma floricultura para comprar flores para ela (minha mãe, assim como eu, ama flores, plantas e afins, minha casa parece uma floresta). Eu devia ter uns 12 anos, juntei todos os restos de dinheiro e lá fui eu. No começo da noite, quando todos os namorados do universo resolveram comprar flores para as namoradas. Passei muito tempo dentro da floricultura, disputando com pessoas infinitamente maiores que eu um buquê de margaridas (se tentar fazer isso hoje, possivelmente as pessoas continuarão infinitamente maiores, mas hoje eu sou mais larga!). E ninguém, me dava atenção. Afinal de contas o que uma pirralha queria numa floricultura em pleno dia dos namorados?

Eu nunca comemorei dia dos namorados por n motivos. Primeiro por que não tinha um dito cujo pra comemorar, depois por que meu namorado e eu brincávamos de se comunista e depois pelos motivos óbvios e também porque é aniversário da mamita.


Eu fico vendo os posts no twitter e me perguntando se é mesmo tão importante assim comemorar isso. Sei lá, eu dou presentes pra quem eu amo em qualquer dia do ano. Não precisa ninguém me dizer que é dia de comemorar. De perder um tempão tentando jantar em algum lugar bacana e depois ir dar uma, depois de ter passado horas numa fila de motel. Mesmo porque eu sou contra motéis, sei lá, é tão impessoal que não dá tesão. Sempre fico pensando se lavaram o lençol direito, se limpam as coisas, nojinho.


Eu não namoro decentemente há mais de seis anos. Me apaixonei umas vezes aí, me fodi e fodi com a cabeça de algumas pessoas, mas namorar, não namorei. E nem vejo possibilidade disso pelos próximos meses. Não acredito que vá aparecer alguém assim TÃO interessante que me faça mudar de planos. Ou eu posso me enganar, vai saber...


Então, não se torture psicologicamente se você não tem um namorado. Eu tenho vivido bem até agora. E ó, até feliz.



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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Hecho de menos

Quanto mais perto chega o dia de ir para casa, mas angustiada eu fico. Deve ser porque eu sei que falta pouco agora. Quando eu volto de lá, eu nem sofro muito, pois sei que terei que ficar aqui três meses. E me conformo. Não dá para ficar pensando 24 horas que daqui a três meses vou pra casa. Ver minha família, meus poucos e muito amados amigos.

Aliás, eu sinto muita falta dos amigos. Muita mesmo. De poder ligar no final do dia e marcar um café, de combinar balada para o final de semana. Da família, nem tanto, porque eu ligo para casa todos os dias. Ou quase todos, mas não passo muito tempo sem notícias. Então a saudade diminui um pouco. Agora dos amigos, é bem diferente. Eu não posso passar uma hora no telefone com todo mundo.

Nas últimas duas semanas eu ando melancólica pra cacete, apesar das piadas no twitter. Saudades de tudo. Percebi que três meses é o que dá pra aguentar. Aliás, 75 dias é o máximo para mim. Eu to mal humorada, chata e triste. Não consigo trabalhar direito e só penso no Brasil, nas coisas que quero fazer nos 10 dias que estiver por lá.

O Chile é divertido e talz, tem a Cordilheira dos Andes, neve, geleira, termas, o Pacífico, mas eu estou morrendo é de saudades de São Paulo.

Uma listinha (coisa de virginiana) do que eu quero fazer nos dias que estiver por lá:
  • Dar uma de turista. Quero ir ao Terraço Itália, ao MASP, ao MUBe, ao MAM, à Pinacoteca, ao Museu da Língua Portuguesa, ao Parque da Luz... Não sei se vou conseguir, mas vou tentar bastante.
  • Ir ao cinema e ver filmes legendados em Português. A saudade que eu sinto de sair do trabalho e passar no Belas Artes não tem tamanho. Acredite ou não, Ensaio sobre a Cegueira não passou aqui e na maioria das vezes, os filmes demoram um bocado pra chegar. Vicky Cristina Barcelona estreou semana retrasada.
  • Ver os amigos. Todos os possíveis, até aqueles que eu passo anos sem ver. Sair com amigos em que a gente pode ser a gente mesma não tem preço. E eu aqui sou uma atriz. Finjo ser quem eu não sou o tempo todo. E isso ta me deixando mal pra caralho.
  • Comer. Comer comida brasileira. Comer um PF no Monarca. Comer pão de queijo. Farofa. Suco de laranja. Banana. A comida da minha mãe. Um cachorro quente com tudo dentro e sem abacate. Lingüiça, salsicha.
  • Beber andando na rua. Não que eu fazia isso sempre quando estava no Brasil. Mas é que aqui é proibido. Aliás tanta coisa aqui é proibida. Fui tirar uma foto do carro dos carabineros e quase fui presa.
  • Passear de metrô, de ônibus, a pé. Coisas que eu não faço aqui.

Outro dia me perguntaram se eu era feliz. Pensei uns minutos, me perguntando e acho que sou sim. Apesar de estar longe de casa, de não fazer mais as coisas que eu gosto, e de não ser eu mesma quando não estou trabalhando.

Mas aí, sou feliz sim.


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