terça-feira, 18 de agosto de 2009

Presente de Aniversário

Como podem ver no contador ao lado, faltam 20 e poucos dias pra eu ir pra casa. E também faltam 20 e poucos dias para meu último aniversário de 20 e todos (@deisezinha).

Essa última década da minha vida não foi fácil. A adolescência foi bem mais fácil do que os 20 e todos.

Eu mudei tanto, mas tanto, que lendo o pouco que sobrou de uns diários que eu escrevia (porque eu queimei tudo na fogueira da saudade) não me reconheço. Comecei a casa dos 20 começando uma faculdade e saio dela começando ainda uma faculdade. Eu tinha um pai super saudável, que eu nunca imaginava que ficaria doente antes de todo mundo, já que sempre disse que viveria até os 106 anos e se esforçava para isso.

Nos últimos anos, eu sempre faço uma lista de presentes que eu quero no meu aniversário. Este ano eu só queria uma coisa: que o sofrimento dos meus pais terminasse. Ou que meu pai se libertasse do que o prende por aqui e fosse ser feliz em outro lugar e minha mãe pudesse ter uma vida melhor e menos cheia de preocupações ou então, que ele se curasse e voltasse a ser como era antes. Falante, caminhante e o apoiador da família toda, nas coisas mais bestas.

Eu me lembro a última vez que saí com meu pai. Só eu e ele. Há meses eu tinha visão dupla e numa consulta no oftalmologista descobri que tinha um edema no nervo óptico, que podia ser provocado por um tumor no cérebro. E meu pai era meu acompanhante nas consultas com o neurologista e nos exames estranhos que tinha que fazer, porque eu não conseguia andar sozinha enxergando tudo embaçado e em dobro.

Pois bem, na última vez que saímos juntos, fui fazer um exame que se chama Potencial Evocado Óptico, a doença dele já estava se manifestando, mas a gente ainda não sabia. Eu sempre odiei caminhar com ele porque ele mede 1,90 m e um passo que ele dava era o equivalente a três meus. E nesse dia, eu me lembro bem, ele me disse: eu não consigo mais andar como eu andava antes, parece que minhas pernas estão pesadas e elas não me obedecem.

Isso faz dois anos. Hoje, ele não anda, não fala, mal pode mexer o dedo indicador da mão direita. Come por uma sonda, precisa de alguém pra virar ele na cama, para colocar sua perna de uma forma mais confortável e quase não sustenta mais a cabeça no seu pescoço. E tudo isso com a consciência e inteligência intactas.

Por isso que tudo que eu mais quero de presente de aniversário é que esse sofrimento todo acabe. De uma forma ou de outra, será o melhor para todos nós. Principalmente pra ele...



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Um comentário:

Daniele Fatima disse...

Nossa, faz tempo que não venho aqui.
É muito sofrimento mesmo mas pela crença dos teus pais, você já sabe como eles encaram isso, né? Força! Sei que não é nada fácil aceitar isso; quase impossível, eu diria.