quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Sair do Brasil não foi uma coisa planejada como alguém que faz um intercâmbio ou resolve morar fora para ver ‘cualéqueé’. Então não venha me dizer: “A Vivis rapou fora, é isso aí garota.” Você não sabe de nada para fazer julgamentos sobre mim e sobre as decisões que eu tomo na minha vida. Um comentário num blog não faz você me conhecer para dizer uma estupidez dessa.

Vir para o Chile não foi só uma escolha minha. Tem um monte de outras coisas que facilitaram a minha essa escolha. Sim, eu queria mudar de ares, eu precisava (e ainda preciso) esquecer tudo que aconteceu na minha vida nos últimos anos, principalmente no último ano. Mas isso só aconteceu porque eu tinha uma possibilidade. Eu poderia ter ido para Estreito, para Amazônia, para o Rio e para Santiago.

Eu escolhi Santiago porque eu posso ter uma carreira internacional e isso será muito bom para o meu futuro. E financeiramente é recompensador. E a cidade é muito mais perto de São Paulo que Estreito e a Floresta Amazônica. E o Rio para mim seria desesperador por motivos muito, muito pessoais, mas seria uma opção caso aqui falhasse.

A possibilidade existia desde 2007, quando a empresa que eu trabalho abriu uma filial no Chile. Falar espanhol, ou melhor, ler e escrever muito bem em espanhol, me levou a participar das coisas daqui e, quando me fizeram a proposta na primeira vez eu recusei veementemente. Por motivos pessoais e por pensar que trabalhar em outro país seria um pouco aterrador e não fazia parte dos meus planos.

Mas em agosto do ano passado me fizeram uma proposta muito tentadora. Tentadora não, irrecusável. E aqui estou eu. E não está sendo nenhum pouco fácil. Não mesmo.

Eu estou cumprindo com as minhas metas aqui? Profissionalmente e financeiramente posso dizer que sim. Mas esquecer o que eu queria tanto esquecer e me refazer? Não, não mesmo.

Se eu sou mais feliz aqui? Não, não sou. Nem mais feliz nem menos infeliz.

A diferença é que eu tenho mais um problema para resolver: saudades. Eu sinto saudades absurdas das coisas mais prosaicas. Como pegar o metrô para ir trabalhar ou passear na Avenida Paulista. Sinto saudade dos meus poucos e muito bons amigos. Eu sinto saudade da minha cidade, do meu país. Por melhor que sejam as coisas aqui, a qualidade de vida fenomenal, pela independência que eu tenho agora, ainda assim, tenho certeza que não existe melhor lugar que a minha casa, que o meu país. Por isso me causa espanto ouvir as pessoas dizerem que o que mais querem é sair de Brasil. Façam isso então. E depois, talvez, possamos conversar. Pois, como sabiamente me disse a Dani hoje, merdas existem em todos os lugares, elas são apenas diferentes. E eu serei brasileira mesmo que mude de nome, mesmo que tenha outra nacionalidade. Em outro país você sempre, sempre será estrangeiro. E não há nada que mude isso.

É isso.
You can write, but you can’t edit.

Ah sim, isso é a minha opinião, se você não gostar do que eu penso, ótimo, se gostar ótimo também. Opiniões estão aí para serem divididas e não para serem julgadas e serem motivo de agressão. Por este motivo este blog tem comentários ativados. Porque compartilhar opiniões e conhecer outros pontos de vista faz parte de um eterno aprendizado.




Um comentário:

Anônimo disse...

Vivis, meu anjo...duas coisinhas..

1) viajar pra esquecer o passado?? não se apaga o passado...tá impregnado, maculando nosso presente, mas nem sempre determinando o nosso futuro. Compreenda o passado, e isto basta. A saudade é a parte, boa ou ruim, do nosso passado que insiste em vir à tona pra nos dizer que viver tudo o que foi vivido foi bom e como tal deve ser lembrado.

2) Identidade nacional: somos inexoravelmente ligados às nossas raízes. "Seja universal falando de sua aldeia". Não importa se o país ou bom ou ruim: é o país onde nasci, onde me criei, onde amei, onde terei filhos e filhas e, pelo qual, lutarei para que dê conforto e dignidade à todos os meus conterrâneos.

É isto.

Bjs e bom carnaval; cheguei da praia e vou chamar a Deise para assistirmos um destes filmes oscarizáveis. kkk

Anderson